Avaliação neuropsicológica pode diagnosticar TEA?

Entenda a importância da avaliação neuropsicológica para sustentar o diagnóstico de TEA.

Felizmente, nos últimos anos, muito tem se discutido sobre a saúde mental e o impacto dela na nossa vida. Conversas mais abertas sobre transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão, trouxeram à tona a importância de nós, adultos, não jogarmos a toalha sobre conversas necessárias. Quer ver um exemplo? 

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Heitor (nome fictício) tem 20 anos de idade e a mãe sempre suspeitou que ele poderia ter algum transtorno, mas nenhum médico nunca suspeitou de nada, nem mesmo a escola. Então, apenas aceitaram seu jeito mais “diferentão”. Até o momento em que o rapaz se inscreveu na aula de jiu jitsu e o professor virou para a mãe e perguntou: “seu filho é autista?”. E a dúvida que o professor suscitou nela foi o suficiente para levá-lo ao neurologista, que o direcionou para uma avaliação neuropsicológica.

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Este é um exemplo do impacto que uma conversa pode gerar na vida de uma pessoa. Pense bem: até os 20 anos, Heitor não tinha informações suficientes sobre si para fazer uma leitura mais profunda sobre suas ações; nem mesmo sua família e seus amigos próximos podiam fazer uma leitura mais gentil sobre ele. 

O diagnóstico do TEA é positivo não somente para o paciente, mas também para a sua rede de apoio. 

Ele reduz o sofrimento psíquico de todos os envolvidos, mas principalmente do paciente, que poderá se desenvolver ao máximo e melhorar a qualidade de vida com o tratamento adequado.  

Se você é pediatra, psiquiatra ou neurologista e já notou no paciente traços comportamentais atípicos para a idade, um dos caminhos para ajudar o seu paciente é a avaliação neuropsicológica. Explico melhor a seguir. 

Diagnóstico do TEA

Gostaria de enfatizar que quanto mais cedo o diagnóstico do TEA for feito, mais bem-estar e a qualidade de vida é acrescentado para este paciente. 

De antemão, preciso explicar que a avaliação neuropsicológica sozinha não atua como laudo para o TEA. Porém, ela é uma grande aliada deste processo. 

Para estarmos na mesma página, preciso explicar que o transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades (Ministério da Saúde).

De acordo com DSM-5-TR, as características comportamentais do TEA tornam-se inicialmente evidentes na primeira infância, com alguns casos apresentando falta de interesse em interações no primeiro ano de vida. Os sintomas costumam ser reconhecidos durante o segundo ano de vida (12 a 24 meses), embora possam ser vistos antes dos 12 meses de idade, se os atrasos do desenvolvimento forem grandes, ou percebidos após os 24 meses, se os sintomas forem mais sutis. 

A descrição do padrão de início pode incluir informações sobre atrasos precoces do desenvolvimento ou quaisquer perdas de habilidades sociais ou linguísticas. Nos casos em que houve perda de habilidades, pais ou cuidadores podem relatar histórias de deterioração gradual ou relativamente rápida em comportamentos sociais ou nas habilidades linguísticas. Em geral, isso pode ocorrer entre 12 e 24 meses de idade. 

Apesar das pesquisas e dos dados que já temos, o Brasil continua sendo um país com altos índices de diagnósticos tardios - daí a importância de procurar um neuropsicólogo ou médico assim que notar na criança ou no adolescente características como a dificuldades de comunicação e na interação social, além da presença de comportamentos e/ou interesses repetitivos ou restritos. 

É nesta instância que entra a avaliação neuropsicológica. 

O papel da avaliação neuropsicológica

A avaliação neuropsicológica é um exame realizado por um(a) psicólogo(a) especialista em neuropsicologia, com o objetivo de investigar e descrever o perfil cognitivo do(a) paciente. Esse processo avalia possíveis alterações cognitivas associadas às desordens neuropsicológicas e outros transtornos, auxiliando no diagnóstico e no planejamento terapêutico.

Com a avaliação em mãos, o(a) a equipe multidisciplinar poderá confirmar o diagnóstico e fazer as intervenções mais eficientes ou assertivas para o desenvolvimento da criança. Convido você a entender melhor sobre como a avaliação pode ser sua aliada na rotina do consultório. Clique aqui.

Como agir se perceber sinais

Se você é médico(a) e percebe características atípicas no seu paciente, não hesite em conversar com o cuidador - caso o paciente seja menor de idade - ou com o próprio paciente e orientá-lo para uma avaliação neuropsicológica. Reconhecer e compreender o TEA é o primeiro passo para oferecer suporte adequado ao desenvolvimento e qualidade de vida.

Caso tenha interesse em entender mais sobre a avaliação neuropsicológica ou queira agendar uma consulta, estou à disposição para ajudar

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